Por Lília Camargo
Em alusão ao Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta terça-feira, 8 de março, o Corpo de Bombeiros Militar (CBMAC) realizou uma solenidade para entrega de medalhas em homenagem às mulheres que vêm se destacando pelos serviços prestados à população acreana.
A entrega da medalha intitulada Bombeiro Militar Mulher Acreana Angelina Gonçalves foi realizada no auditório do Memorial dos Autonomistas, em Rio Branco, e 27 mulheres receberam as honrarias. O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Carlos Batista, em seu discurso relembrou a luta, desafios, coragem e determinação pelos quais achou justo o reconhecimento.
“É uma oportunidade ímpar ter a honra de entregar essa singela homenagem a mulheres acreanas que tanto fazem pelo nosso estado. Desde os primórdios a mulher tem lutado para garantir seu espaço e elas têm nos dado exemplos de profissionalismo e competência. Percebemos quão importante é o seu papel no mundo e é justo que se faça tal reconhecimento”, disse Batista.
Valdirene Cordeiro, presidente do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), foi uma das personalidades homenageadas. Vestida de vermelho, cor que representa a luta e o combate à violência contra a mulher, ela agradeceu a honraria e conclamou pedindo a união de todos pela paz .
“É gratificante poder estar aqui prestigiando este momento mediante tantas atrocidades que diariamente são cometidas contra nós, mulheres. Agradeço pela homenagem, não faço mais do que minha obrigação dando minha contribuição ao estado e convido todos a lutar não só por igualdade, mas por respeito e paz. Diga não à violência”, conclamou.
História sobre a Medalha Bombeiro Militar Mulher Acreana Heroína Angelina Gonçalves
Documentos e relatos do período revolucionário acreano registram a história de Angelina Gonçalves em um dos episódios da sangrenta Revolução Acreana.
Segundo a historiografia tradicional, logo após o primeiro combate do seringal Volta da Empreza, ocorrida em 18 de setembro de 1902 em Rio Branco, vencido pelos soldados bolivianos, as moradias de todos os que habitavam o povoado foram invadidas na busca pelos revolucionários fugidos.
E, numa pequena casa do lugar conhecido como Forte de Veneza, onde hoje se encontra o bairro Cidade Nova, os soldados bolivianos entraram atirando e vitimando fatalmente um homem enfermo.
Ao ver seu marido covardemente assassinado, Angelina tomou a arma de um dos soldados e disparou contra eles no exato momento que entrava na casa o comandante boliviano coronel Rojas, atingindo-o no ombro. Ao ver seu chefe atingido, os soldados bolivianos voaram sobre Angelina, querendo trucidá-la imediatamente. Ao que se ouviu a voz do comandante ferido, que ordenava: “Libertem-na. Mulheres assim não se matam. Se o exército acreano tiver dez homens tão corajosos como essa mulher, já perdemos a guerra”.
Historiadores brasileiros se encarregaram de tornar Angelina uma heroína da revolução. Havendo ainda outros relatos, ela se tornou uma feroz combatente, chegando a fazer com que o coronel Plácido de Castro tivesse muito trabalho para contê-la e impedir que estivesse sempre à frente dos combates que se seguiram.
De uma forma ou de outra, a história de Angelina Gonçalves é importante por revelar a participação de diversas mulheres na Guerra do Acre, acompanhando os soldados.
Relação das mulheres homenageadas na solenidade
– Katia Rejane de Araújo Rodrigues (procuradora-geral do Acre)
– Simone Jaques Azambuja Santiago (defensora pública geral do Acre)
– Sebastiana Batista da Costa (mãe do comandante-geral do Corpo de Bombeiros)
– Elízia Sancha da Silva Santos (mãe do subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros)
– Maria Alexsandra Rocha Ramos (comandante da Patrulha Maria da Penha)
– Eliana Maia de Andrade (major da Polícia Militar e diretora do Colégio Militar Tiradentes)
– Maria do Socorro Neri Medeiros de Souza (secretária de Educação do Acre)
– Paula Augusta Maia de Faria Mariano (secretária de de Saúde do Acre)
– Nayara Maria Pessoa Lessa (secretária de Comunicação do Acre)
– Francisca Fragoso dos Santos (primeiro-tenente do Corpo de Bombeiros Militar do Acre)
– Laiza Maria da Silva Mendonça da Luz ( segundo-tenente do Corpo de Bombeiros Militar do Acre)
– Lya Júlia Barbosa Moraes de Oliveira (aspirante a oficial do Corpo de Bombeiros Militar do Acre)
– Elenice Frez Carvalho (delegada na Delegacia de Atendimento à Mulher)
– Naiara Araújo da Costa Santos (primeira-sargento da Polícia Militar do Acre – Patrulha Maria da Penha)
– Francineide Moura dos Santos (primeira-sargento da Polícia Militar do Acre – Patrulha Maria da Penha)
– Olinda Augusta Sobrinho Firmo (margarida na Zeladoria do Município de Rio Branco)
– Almerinda de Souza Cunha, representada por Silvana Oliveira da Silva (vice-presidente da Associação de Mulheres Negras)
– Simone de Freitas Ferreira (gestora pública do Corpo de Bombeiros Militar do Acre)
– Katiuscia Crispim de Oliveira (coordenadora de ensino do Colégio Militar D. Pedro II – Corpo de Bombeiros Militar do Acre)
– Mylene Marques Machado (representante das motoristas de ônibus do Município de Rio Branco)
– Geovana Nascimento Castelo Branco (presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – Cedim/AC)
– Neusa Cristina Maia dos Santos (diretora da Casa Rosa Mulher e coordenadora de organismos governamentais de políticas para as mulheres)
– Luciana Barbosa Sobrinho (coordenadora da Pastoral Cáritas da Igreja Católica e Diocese de Rio Branco)
– Maria da Conceição Maia de Oliveira (Instituto Mulheres da Amazônia)
– Iraci Magalhães Messias (assessora do Gabinete do Governador)
– Fernanda de Souza Lima (assessora do Gabinete da Primeira-Dama)
– Bernadete Carioca da Silva (Mulheres do Panorama)