Em atenção à esta demanda, o Estudo “Impacto do uso de bebidas alcoólicas e outras substâncias no trânsito brasileiro” foi desenvolvido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (SENAD/ GSIPR), em parceria com o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI/MJ), o Departamento de Polícia Federal (DPF) e o Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF/MJ), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (ANVISA/MS) e o Departamento Nacional de Trânsito do Ministério das Cidades (DENATRAN/ MCIDADES) e realizado pelo Núcleo de Estudos em Pesquisa em Trânsito e Álcool do Hospital de Clínicas de Porto Alegre da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NEPTA/UFRGS).
Foram realizadas entrevistas, entre os anos de 2008 e 2009, nas rodovias federais das 27 capitais brasileiras, abrangendo motoristas de carros, motos, ônibus e caminhões – particulares e profissionais – e, na cidade de Porto Alegre no Estado do Rio Grande do Sul, abrangendo motoboys, vítimas de acidentes de trânsito, condutores de veículos frequentadores de bares e restaurantes e amostras da população de não condutores, totalizando, assim, oito mil entrevistas.
Os resultados do estudo destacam a baixa prevalência de alcoolemias positivas entre os motoristas brasileiros abordados em rodovias nas sextas-feiras e sábados – 4,8 %; estas taxas são maiores à noite nas rodovias (7,3% após as 20h vs 3,3% antes das 20h); 25% dos motoristas entrevistados referiram ter consumido cinco ou mais doses de bebidas alcóolicas (beber pesado episódico – binge drinking) entre duas e oito vezes no último mês; A associação entre acidentes e alcoolemia positiva é muito mais frequente na zona urbana da cidade de Porto Alegre quando comparada às rodovias federais; 32% das vítimas fatais de acidentes de trânsito necropsiadas apresentaram presença de álcool no sangue, com concentração nas faixas etárias jovens e mais produtivas; 51% dos motoristas abordados em bares da cidade de Porto Alegre afirmaram dirigir após consumir bebidas alcoólicas; 44% desses mesmos motoristas referiram ter adotado mudanças após a implementação da “Lei Seca”; 75% dos motoboys entrevistados em Porto Alegre tinham ao menos um diagnóstico psiquiátrico e 54% apresentavam dois diagnósticos (uso de álcool:43,6%, uso de cannabis 39,6%, uso de cocaína 32,7%, transtorno de humor 31,7%, transtornos de conduta 28,7%), prevalências mais altas do que outros estudos internacionais.
Fonte: Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad)